terça-feira, 8 de março de 2005

Planejamento de Ensino


Re- significação dos Conteúdos

“ – Isto está cada vez mais esquisito! – gritou Alice.”
Alice no país das Maravilhas – Lewis Carroll





Após a re-significação dos conteúdos – reforma educacional empreendida no cenário pedagógico mundial nas décadas de 80 e 90 – os conteúdos passaram a ser entendidos muito além dos conteúdos conceituais e factuais, passando ser fundamental à escola, o trabalho com conteúdos atitudinais e procedimentais, pois: a estrutura lógica não se confunde com a estrutura psicológica e, a que de fato importa para o ensino, é a segunda e não a primeira (Cf. Coll, 1997).
Houve, assim, uma flexibilização do próprio conceito de conteúdo, admitindo-se que ele inclui elementos de natureza diversa como fatos, conceitos, sistemas conceituais, procedimentos e até valores. Consideram-se também os processos cognitivos pelos quais os alunos constroem representações dos mesmos e lhes atribuem significado (Ibid).
A partir desse panorama, o ensino havia de ser muito mais que informativo, deveria ser ao máximo formativo em todos os seus ângulos. Assim, para além dos conceitos a serem transmitidos, a escola básica deveria passar a ter como preocupação as necessidades de aprendizagem dos alunos e, sobretudo, as necessidades da sociedade como um todo. Não que os conteúdos conceituais tenham perdido sua importância, mas seu status sofreu um forte deslocamento na Sociedade da Aprendizagem e da Informação.
As aulas ministradas, desde a mais tenra idade, devem levar em consideração as novas exigências sociais e, ao mesmo tempo, garantir contato com o arcabouço conceitual construído historicamente, numa intercambiável relação entre tradição e inovação. Noções de convívio, de práticas sociais e relacionais saudáveis, de solidariedade e de cooperação podem e devem ser trabalhadas desde a escola, para além das habilidades de “saber” e “saber fazer”, as quais a escola já vem tentando garantir.
Com base em Coll (1997), relembramos que há três categorias fundamentais de conteúdos de ensino:
Conceitos – designa o conjunto de objetos, acontecimentos ou situações que possuem certas características comuns;
Princípios – é o enunciado das mudanças ocorridas em um objeto, acontecimento ou situação, em relação às mudanças que se produzem em outro objeto ou situação: descrevem causa e efeito, ou outras relações de Co- variação;
Procedimentos – podem ser chamados de regras, técnicas métodos, destrezas ou habilidades.
Assim, Coll (1997) propõe sete tipos de conteúdos:
Factuais, conceituais e de princípios – que correspondem ao compromisso científico da escola: transmitir o conhecimento socialmente produzido.
Atitudinais, de normas e de valores – que correspondem ao compromisso filosófico da escola: promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma dimensão maior, que dão razão e sentido para o conhecimento científico.
Procedimentais – que são os objetivos, resultados e meios para alcançá-los, articulados por ações, passos ou procedimentos a serem implementados e aprendidos.
A escola deve, portanto, coordenar valores (Filosofia) e conhecimento científico (Ciência) para instrumentalizar-se teórica e praticamente.
O fio condutor para a eleição e organização dos conteúdos deve ser as informações relativas à forma como os alunos aprendem e como os professores podem ajudá-los a aprender mais e melhor, ou seja, as fontes psicológica e psicopedagógica do currículo (Cf. Coll, 1997).

Conteúdos significativos





“Cuide do sentido, que os sons cuidarão deles mesmos”.
Alice no país das Maravilhas – Lewis Carroll





A repercussão das experiências educativas formais sobre o crescimento dos alunos está condicionada pelos conhecimentos prévios dos mesmos, com os quais inicia sua participação na comunidade escolar. Assim, a organização dos conteúdos deve iniciar “do mais geral ao mais detalhado e do mais simples ao mais complexo” (Cf. Ausubel, 1976).

Para ver o artigo na íntegra, acesse: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=650